Até logo, Gaúchos!
Chegamos ao Estádio Beira-Rio por volta das nove horas da
manhã, acompanhados de dois grandes amigos. Estava nublado, havia chovido de
madrugada, mas nada que esfriasse a minha ansiedade e emoção por saber que
veria o Aerosmith novamente, uma das maiores bandas que já pisara sobre a
Terra. Algumas pessoas esperavam do lado de fora dos portões, e todas elas com
o mesmo pensamento: Queremos o Aerosmith.
Seria uma maratona até o horário de abertura dos portões,
programado para às 18:00 horas, então tínhamos de ter um “certo” preparo físico
e emocional. Não demorou muito para o Sol aparecer rachando as nossas cabeças,
fazendo muito calor e com que os mais preparados armassem barracas improvisadas
para se proteger. Muitos comentários e perguntas surgiam nas filas: “Essa é a
maior banda que existe!”, “Quais músicas serão tocadas? Será que hoje rola algo
diferente?”, todos os presentes no pátio do Estádio Beira Rio aguardavam um dos
maiores momentos de suas respectivas vidas.
Após uma longa tarde de espera, muito por causa do Sol que
pairava sobre nossas cabeças, os portões se abriram no horário marcado.
Imediatamente, nós quatro (Sim, chegou a esposa de um amigo) corremos até o
guichê da Pista Vip, passamos o bilhete e “voamos” até a grade. Pronto,
estávamos dentro, pensei, agora é esperar pelos Bad Boys of Boston. “Cozinhamos”
cerca de 2 horas e meia, até que a DJ Karine Larre iniciasse com uma mistura de
sua música eletrônica e clássicos do Rock. Acredito que ela tenha agradado aos
rockeiros que inundavam o Anfiteatro, ou pelo menos arrebatou alguns corações
ao finalizar a sua apresentação com o Hino Rio-Grandense. Nota: No
canto do palco, Steven Tyler observava o show de abertura. Poucos notaram isso.
Finalizada a apresentação da DJ, era hora de acertar os últimos detalhes e
esperar pela banda.
Pontualmente às 22 horas, as luzes se apagam e os
alto-falantes tocam Muddy Waters. Era isso, os caras iriam entrar com tudo em
seguida, veríamos um mito ao vivo. Olhava para todos os lados para ver onde que
estes caras surgiriam, quando de repente, Joe “Fuckin” Perry e Steven Tyler
surgem ao meu lado, na passarela. Vestidos em trajes extravagantes, assim como
os outros membros, iniciam os acordes de Back In The Saddle do
álbum Rocks de 1976. O público presente vai ao delírio ao ver aqueles senhores
de mais de 60 anos agitando ao som do velho rock and roll. Steven Tyler
rapidamente saúda Porto Alegre com um “Olá Gaúchos!” quando a banda joga Love
In An Elevator como se fosse uma bomba. Um clássico, a banda se mostrou
em perfeita sintonia. Que música, senhores! Steven Tyler é um frontman de
verdade, interage muito com o público. Em seguida recebemos Cryin e
Crazy, levando a maioria dos presentes para uma nostalgia sem fim, todos
cantaram em coro, tornando-se parte daquela banda. A primeira surpresa da noite
veio com a execução de Kings and Queens, do álbum Draw The
Line de 1977. A
música soou perfeitamente, a banda foi muito bem, mas o público em geral meio
que “estranhou”, visto que estão acostumados com baladas e hits. Queens é uma
grande música, eu adorei demais. Todos os membros da banda estavam muito
simpáticos, em destaque para o baixista Tom Hamilton que sorria muito, estava
muito à vontade.
A banda emplacou Livin’ On The Edge, mais
conhecida do público em geral, depois Rats In The Cellar também
do Rocks, depois Dude (Looks Like a Lady) e Same
Old Song and Dance. A segunda surpresa da noite foi Monkey On
My Back do álbum Pump de 1989, inédita nesta turnê até então. Gostei
da execução desta música, foi uma grata surpresa. A terceira surpresa da noite
e a mais especial, foi com a introdução de Steven Tyler, dizendo que estávamos
no mês de outubro, mês do combate ao câncer de mama e que a próxima música
ajudaria a encontrar a cura para a doença. A execução de Pink foi
muito emocionante, era uma das músicas mais esperadas pelo público. Vale
ressaltar que no telão colocado no fundo do palco havia a imagem de um laço
cor-de-rosa, além dos membros da banda estares usando a cor rosa. Após tocarem Rag
Doll, foi a vez de Joe Perry assumir os vocais em Stop Messin’
Around, e muito bem, por sinal. No telão ao fundo rolava um clipe do
guitarrista em frente ao Laçador, fazendo sua homenagem aos gaúchos. Após o
show particular de Perry, Steven Tyler chega na ponta da passarela e pergunta
ao público “Quem ali estava apaixonado?”, nesse ponto já sabia que viria a
linda I Don’t Want To Miss A Thing, conhecida pelo filme
Armageddon. A execução desta música foi para mim um dos mais aguardados da
noite, eis que prometi gravá-la como forma de dedicar meu amor por uma pessoa:
Estefany Bernal. Antes do BIS, a banda ainda tratou de tocar Come
Together dos Beatles, Walk This Way e Train’
Kept A-Rollin, deixando público em êxtase total, e quase sem pernas.
A banda saiu do palco para uma pequena pausa, um breve
descanso antes do fechamento. Quando a banda retornou ao palco, Steven Tyler
sentou-se ao piano para brincar com as canções Mia e You
See Me Crying, antes de tocar a belíssima Dream On.
Um dos pontos altos da noite, sem dúvida. Ainda vimos Steven subir no piano
para cantá-la a plenos pulmões com a galera. Um clássico, Dream On! Ali mesmo
iniciaram-se os acordes de Sweet Emotion, outro clássico muito
esperado. A última música, que seria a despedida da banda, deixou o público
muito emocionado e querendo muito mais. Durante toda essa música, assim como
todo o show, a banda mostrou-se muito receptiva, à vontade e afinada,
entregando-se ao público que lotou o Anfiteatro Beira Rio.
Após a chuva de papel picado e as explosões dos canhões, a
banda se despediu de Porto Alegre pela segunda vez em sua história. Rumores dão
conta que esta é a turnê de despedida. Agora, o Aerosmith parte para outros
shows na América do Sul. Sou grato pela vida me permitir vê-los duas vezes,
primeiro em 2010 e agora em 2016. Jamais esquecerei.
Steven, Joe, Tom, Brad e Joey, obrigado pelo Aerosmith,
pelas músicas, por tudo. O seu legado sempre será lembrado.
Mathews Leal - @LealMathews